Diabetes: 4 mitos e 4 verdades sobre essa doença silenciosa.

Informações precisas viabilizam a gestão correta da glicemia e o controle do diabetes.

4 mitos e 4 verdades

Síndrome metabólica que acomete centenas de milhões de pessoas no mundo todo – cerca de 537 milhões, segundo dados atuais da Associação Internacional de Diabetes (IDF, sigla em inglês)¹, o diabetes se caracteriza pelo aumento anormal de açúcar (glicose) no sangue, condição denominada hiperglicemia.

Três são os cenários que podem levar a esse desequilíbrio: a incapacidade do pâncreas secretar insulina, com nenhuma liberação do hormônio; a produção insuficiente de insulina pelo pâncreas; ou, ainda, a inaptidão da insulina transportar a glicose para dentro das células, de modo que o organismo não consegue aproveitá-la como deveria.

Responsável por metabolizar a glicose e permitir que seja transformada em energia para o perfeito funcionamento do corpo humano, quando deixa de cumprir sua função, a insulina vê o acúmulo abundante de açúcar na corrente sanguínea se tornar uma ameaça. E a primeira delas é o diabetes mellitus (DM).

É fato que conviver com diabetes tem se tornado uma realidade cada dia mais comum. E está mais do que comprovado que pessoas com diabetes que têm acesso a orientações precisas compreendem muito melhor o quadro clínico no qual estão inseridas. Consequentemente, fazem com muito mais precisão a gestão correta da glicemia e, por tabela, o bom controle da doença.

Como contribuição nos processos de aprendizagem e aceitação tão necessários para esses pacientes, esclarecemos abaixo quatro grandes mitos e verdades sobre o diabetes. Confira:

MITO 1 - Não dá para ter diabetes e ser feliz

O diabetes é uma das doenças mais frequentemente associadas a medos e privações. Mas é de suma importância destacar que essa disfunção, ainda que crônica, não é e nem deve ser motivo exclusivo para sofrimento. É possível, sim, ter diabetes e viver em harmonia.

Para isso acontecer, tão logo seja diagnosticado, é fundamental contar com suporte médico e buscar informações adicionais sobre o assunto em fontes confiáveis de pesquisa, sejam livros, sites, blogs ou até mesmo outros pacientes que convivem com a desordem.

Saber o que é diabetes, como essa doença age no organismo e, acima de tudo, quais caminhos e cuidados seguir para manter a glicemia sob controle permite às pessoas com diabetes levar uma rotina absolutamente normal.

MITO 2 - Só tem diabetes quem nasce com a doença

Não, o diabetes pode se desenvolver em qualquer momento, por causas relacionadas à predisposição hereditária (genética), fatores ambientais e/ou pela prática de comportamentos de risco, entre eles a obesidade, a alimentação inadequada, o sedentarismo, a hipertensão arterial, o consumo excessivo de álcool, o tabagismo, o estresse etc. Ou seja, pode acometer pessoas de qualquer idade, sexo, raça e etnia.

Por sinal, entre 90% a 95% dos casos da patologia são do tipo 2, que é justamente a classificação que se manifesta com mais frequência em indivíduos adultos que levam um estilo de vida pouco saudável.²

Vale ressaltar que apesar de se manifestar na maioria das vezes em adultos na faixa dos 45 anos ou mais, é cada vez maior o número de jovens abaixo de 30 anos – e incluem-se nesse grupo adolescentes e crianças – que desenvolvem o diabetes tipo 2.³ Muito devido ao consumo excessivo de alimentos ricos em carboidratos e gorduras (como doces, massas, frituras e refrigerantes) e à falta de práticas regulares de atividades físicas.⁴

MITO 3 - Alimentos dietéticos são liberados e doces são proibidos

Ao contrário do que muitos acreditam, alimentos dietéticos não são amplamente liberados e o tratamento do diabetes não exige uma dieta altamente restritiva, com “zero doces”. Não há um cardápio padrão composto somente por produtos diet ou por comidas e bebidas permitidas e proibidas.⁵

O que existe é a recomendação de seguir uma dieta equilibrada, que deve ser passada por nutricionista, respeitando as necessidades individuais de cada um. Tipo de diabetes, estilo de vida, rotina de trabalho, hábitos alimentares, nível socioeconômico, medicação prescrita e outros fatores devem ser levados em conta na elaboração do plano alimentar para que seja bem-sucedido.⁶

Em resumo, dá pra comer de tudo um pouco. Moderação é a palavra de ordem, sendo que priorizar alimentos de origem vegetal (verduras, legumes, leguminosas, frutas, cereais pouco refinados, castanhas e azeites) e preferencialmente integrais, bem como o consumo de carnes magras (com destaque para pescados) e a ingestão regular de água é essencial.

Mas atenção: alimentos ricos em carboidratos simples (pães, massas, arroz branco, batata etc.) e produtos industrializados com adição de açúcar (refrigerantes, achocolatados, néctar de frutas, sorvetes, geleias, bolachas recheadas etc.) devem ser evitados por indivíduos com ou sem diabetes. E, se e quando consumidos, com rígido controle da porção.

MITO 4 - Diabetes tem cura

Não existem meias-palavras para confrontar essa informação: diabetes não tem cura. Uma vez estabelecido, seja sob a forma do tipo 1 ou tipo 2, o quadro clínico é definitivo e passa a exigir cuidados diários acerca do gerenciamento dos níveis de glicose no sangue.

Somente a condição de pré-diabetes, também chamada de tolerância diminuída à glicose, pode ser revertida. Nesta fase que antecede o diabetes tipo 2, a glicemia já está acima do normal, mas não o suficiente para concretizar o diagnóstico da disfunção.⁷

Sobre o diabetes gestacional, que quase sempre “some” após o parto quando tratado corretamente, é oportuno citar que gestantes que adquirem a condição possuem chances elevadas de repetirem o diagnóstico em gestações futuras. Sem falar no alto risco de desenvolverem diabetes tipo 2, em média 20 a 40% a mais em um período de 10 a 20 anos.⁸

VERDADE 1 - Não controlar o diabetes coloca a vida em risco

Se quando controlado o diabetes permite qualidade de vida, por outro lado, descuidos com a glicemia são perigosos. Isso porque episódios constantes de hiperglicemia, em médio e longo prazo, impactam negativamente diferentes vasos sanguíneos e órgãos do corpo humano.

Mesmo que demorem a aparecer, as consequências do excesso de glicose no sangue resultam em complicações severas na visão, como a retinopatia diabética e até mesmo cegueira completa e irreversível.

Sem falar no surgimento de lesões de membros que podem ocasionar amputações, comprometimento dos rins, doenças cardiovasculares, transtornos bucais, alto índice de infecções e distúrbios na pele, entre outras patologias que, quando agravadas, podem ser fatais.⁹

VERDADE 2 - O diabetes pode não ter sintomas perceptíveis

Essa informação é tão verídica que justifica o fato do diabetes ser chamado de doença silenciosa. Em linguagem médica, significa dizer que a disfunção é assintomática, isto é, que não apresenta sintomas aparentes. Principalmente quando está no estágio inicial.¹⁰

Há casos em que os sintomas se manifestam, mas não são percebidos por serem confundidos com outras situações de comprometimento da saúde como o cansaço, a sede, a fome constante e a visão embaçada. Por isso, grande parte dos portadores de diabetes recebe o diagnóstico tardio da doença, geralmente em situações de diabetes tipo 2.

Inclusive, muitos pacientes já têm a desordem há anos, mas ainda não sabem. Outros acabam descobrindo a existência do diabetes “sem querer”, durante a realização de exames laboratoriais.

Passar por consultas anuais de rotina para identificar o diabetes o mais cedo possível e evitar que o quadro clínico se agrave é uma das formas mais seguras de prevenção.

VERDADE 3 - É possível prevenir o diabetes

Vimos que o diabetes não tem cura, mas a boa notícia é que apesar de ainda não haver tratamentos clinicamente aprovados nesse sentido, algumas pesquisas científicas realizadas no mundo todo com esse objetivo encontram-se bem encaminhadas.

Por enquanto, o que podemos afirmar é que essa doença crônica pode ser controlada e até mesmo evitada, salvas raras exceções, com a ajuda de hábitos saudáveis e mudanças de comportamento.¹¹

Entre os métodos de prevenção recomendados estão a manutenção de um peso saudável, a adoção de dieta equilibrada, a prática regular de exercícios físicos, não fumar, beber com moderação e ficar de olho nas taxas de colesterol e triglicérides etc.

VERDADE 4 - O diabetes exige idas periódicas ao médico

Seja como forma de prevenção ou tratamento, atentar-se sobre tudo que envolve o diabetes mellitus e fugir de desinformações é essencial. Sobretudo para pessoas que são diagnosticadas com a desordem e que precisam se manter bem instruídas, além de contar com uma rede de apoio (de familiares e amigos) afetiva e igualmente esclarecida.

No mais, buscar o auxílio contínuo de profissionais da saúde é vital, a exemplo de médicos endocrinologista, cardiologista, oftalmologista e nefrologista, já que algumas especialidades são fundamentais para o acompanhamento e prevenção do diabetes e doenças correlatas.

Cada caso é um caso, mas, em geral, a consulta médica é uma importante ferramenta de acompanhamento desses pacientes. Então o indicado é fazer consultas periódicas, normalmente a cada seis meses, para a realização de diagnósticos precisos e ajustes de medicamentos.

Nota Importante: O conteúdo deste site não substitui a necessidade de acompanhamento médico para fins de diagnósticos e aconselhamentos. Não desconsidere ou altere tratamentos orientados por profissionais da saúde e busque por atendimento clínico sempre que necessário.

 
 
  1. International Diabetes Federation (IDF/Federação Internacional de Diabetes). Atlas IDF 2021 – 10ª edição. Disponível em: https://diabetes.org.br/wp-content/uploads/2021/06/Atlas_IDF_2019.pdf - Visualizado em 09/11/21.
  2. Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Diretrizes 2019-2020. Disponível em: http://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2020/02/Diretrizes-Sociedade-Brasileira-de-Diabetes-2019-2020.pdf - Visualizado em 09/11/21.
  3. VivaBem – UOL. Fique atento: crianças e adolescentes também podem ter diabetes tipo 2. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2018/01/10/fique-atento-diabetes-tipo-2-tambem-pode-acometer-criancas-e-adolescentes.htm - Visualizado em 09/11/21.
  4. Tua Saúde. Diabetes infantil: o que é, sintomas, causas e o que fazer. Disponível em: https://www.tuasaude.com/diabetes-infantil/ - Visualizado em 09/11/21.
  5. Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Disponível em: https://diabetes.org.br/mitos-e-verdades-sobre-diabetes/ - Visualizado em 09/11/21.
  6. Ministério da Saúde. Abordagem nutricional em diabetes mellitus. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/abordagem_nutricional_diabetes_mellitus.pdf - Visualizado em 09/11/21.
  7. Associação Nacional de Atenção ao Diabetes (ANAD). Disponível em: Associação Nacional de Atenção ao Diabetes (Anad). https://www.anad.org.br/pre-diabetes/ - Visualizado em 09/11/21.
  8. Centro de Diabetes Curitiba. Diabetes Gestacional e o Risco Futuro de Diabetes Tipo 2. Disponível em: http://www.centrodediabetescuritiba.com.br/artigos/diabetes-gestacional-e-o-risco-futuro-de-diabetes-tipo-2/ - Visualizado em 09/11/21.
  9. Ministério da Saúde. Diabetes (diabetes mellitus): Sintomas, Causas e Tratamentos. Disponível em : http://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/diabetes - Visualizado em 09/11/21.
  10. CARDOSO, A.L. Por que devo cuidar logo do meu diabetes? Disponível em: https://www.draanaluizacardoso.com.br/por-que-devo-cuidar-logo-do-meu-diabetes/ - Visualizado em 09/11/21.
  11. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (ESBM). Disponível em: https://www.sbemsp.org.br/para-o-publico/noticias/131-o-assunto-e-diabetes-mitos-e-verdades - Visualizado em 09/11/21.

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