Dose de reforço da vacina COVID-19: tire suas dúvidas

Grupo de risco, pacientes com diabetes devem cumprir sistema vacinal completo

Dose de reforço da vacina COVID-19: tire suas dúvidas

Iniciada em agosto de 2021, a terceira dose da vacina contra a COVID-19 ainda gera muitas dúvidas. E se desconfianças e receios rondam pessoas com a saúde em dia, pessoas com doenças crônicas, as chamadas comorbidades, certamente têm ainda mais questionamentos sobre o tema.

Até mesmo porque essa parcela da população – na qual se enquadram os pacientes com diabetes – teve espaço antecipadamente cedido em todas as etapas do calendário de vacinação, o que denota uma preocupação maior com a imunização desse público.

Se você é uma das pessoas que ainda se sentem inseguras quando o assunto é vacinação x coronavírus e, principalmente, sobre tomar ou não a terceira dose do imunizante, te convidamos a ler o presente artigo. Afinal, é sempre bom ter um pouco mais de informação e orientação.

 

Dinâmica de prioridades do esquema vacinal contra a COVID-19 no Brasil

Quase um ano após a notificação oficial do primeiro caso de SARS-CoV-2 em território brasileiro, ocorrida no dia 26 de fevereiro de 20201, a primeira dose imunizante de combate ao vírus foi ministrada na cidade de São Paulo.2

Com cronograma estipulado conforme a disponibilidade de vacinas, o plano de imunização se caracteriza principalmente pela forma gradual com que as doses imunizantes são distribuídas em todos os ciclos de vacinação, diante da impossibilidade de vacinar em etapa única toda a população brasileira.

A intenção da dinâmica de escalonamento é proteger primeiramente os grupos de risco, compostos por indivíduos com perigo maior de exposição ao SARS-CoV-2 e mais propícios ao desenvolvimento de formas graves da COVID-19. E, claro, reduzir o número de desfechos desfavoráveis no que diz respeito a hospitalizações e óbitos relacionados ao vírus.3-4

 

Por que pacientes com diabetes fazem parte do grupo de risco?

Como vimos, algumas pessoas são mais vulneráveis às complicações da COVID-19, o que as inclui nos chamados grupos de risco da doença. É o caso dos pacientes com diabetes mellitus.

Mas, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), pessoas com diabetes não têm maior risco de infecção por coronavírus, mas sim de evoluir para quadros clínicos graves da doença quando infectados. Isso por conta da baixa imunidade decorrente dos níveis elevados de açúcar no sangue.5

Ainda conforme a SBD, a maior vulnerabilidade verifica-se em pacientes com histórico longo de diabetes e mau controle metabólico, especialmente quando maiores de 60 anos, sendo que o perigo é ainda mais latente na presença de doenças concomitantes, como obesidade e hipertensão.

Ou seja, o risco de complicações por COVID-19 – a exemplo de lesões pulmonares e tromboembolismos – em quem mantém o diabetes bem controlado é muito menor, tanto nos quadros de diabetes tipo 1 quanto tipo 2.

 

Mas, afinal, a terceira dose é mesmo necessária para pacientes com diabetes?

Com o avanço da vacinação, o número de casos e óbitos por COVID-19 reduziu de forma acentuada. Porém, com o surgimento de novas variantes do vírus SARS-CoV-2, denominadas

Alfa, Beta, Gama, Delta e Ômicron pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os indicadores da pandemia voltaram a subir.

Muito mais contaminantes e transmissíveis do que a cepa original, essas mutações levaram especialistas a recomendarem a terceira dose da vacina – também chamada de dose de reforço ou dose adicional –, como medida para aumentar as chances de proteção a essas variantes. Especialmente para os grupos de risco e, consequentemente, para pacientes com diabetes.

 

E qual a finalidade da dose de reforço?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, aderir à vacina é uma das maneiras mais seguras e eficazes de proteger a si mesmo e aos outros da COVID-19. Isso porque os imunizantes treinam o sistema imunológico para reconhecer o vírus-alvo, criar anticorpos e, então, combater a doença (sem contrair sintomas e/ou sequelas) em caso de infecção.6

Acontece que passados alguns meses do início do ciclo primário de vacinação, estudos vêm mostrando uma queda de nível dos anticorpos tanto após as duas primeiras doses, quanto após infecção natural pelo SARS-CoV-2. E, então, decidiu-se por instituir uma terceira dose, para elevar a quantidade de anticorpos circulantes no organismo, visando reduzir as chances de cada pessoa se infectar ou reinfectar.7

Importante: a dose adicional vale para pessoas que já foram infectadas (ou não) e que tenham tomado qualquer marca de imunizante no esquema de vacinação primário, não importando se com uma ou duas doses, dependendo da vacina usada. Até mesmo porque, como lembra a OMS, a reinfecção pelo coronavírus é uma realidade, e fortalecer a resposta imune do organismo a um novo contato com o vírus pode fazer toda a diferença.

 

E qual vacina tomar?

Existem muitas vacinas COVID-19 sendo desenvolvidas por diferentes fabricantes em todo o mundo, além das já produzidas e em uso. No Brasil, até o momento quatro foram liberadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): Comirnaty (Pfizer/BioNTech), Coronavac (Butantan), Astrazeneca/Oxford (Fiocruz) e Janssen (Johnson & Johnson).8

Contudo, conforme orientação do Ministério da Saúde, independentemente da marca de vacina tomada nas duas primeiras doses, a dose de reforço deve ser feita, preferencialmente, com a vacina da Pfizer. Somente na falta desse imunizante deve-se recorrer às vacinas de vetor viral Janssen ou Astrazeneca.1-9

E a explicação para isso é bem simples: estudos mostram que a vacinação heteróloga (com vacinas diferentes) aumenta os anticorpos quando comparadas com vacinas iguais.10

 

Quais as chances de contrair COVID-19, mesmo com ciclo vacinal completo?

Fundamentais para o controle da pandemia, as vacinas para combater a COVID-19 são bastante efetivas. Porém, nenhum imunizante garante 100% de eficácia, de modo que sempre haverá uma pequena proporção de indivíduos vacinados que ficará doente. Mas, em pessoas vacinadas, os sintomas geralmente acabam sendo leves ou ausentes.11

 

E o que pacientes com diabetes devem fazer caso suspeitem estar com coronavírus?

Como orienta a Sociedade Brasileira de Diabetes, seguir o protocolo oficial de isolamento em casa, em quantidade de dias que pode variar conforme orientação médica, é primordial. Assim como monitorar as glicemias capilares com mais frequência e tomar bastante água para evitar desidratação, principalmente na ocorrência de febre, já que a temperatura corporal elevada tende a provocar aumento da glicemia – o que pode descompensar o diabetes.

Por fim, vale lembrar que os sintomas mais comuns de casos considerados leves de COVID- 19 são tosse, dor de garganta e coriza, seguidos ou não de perda do olfato e/ou paladar, diarreia, dor abdominal, febre, calafrios, dor muscular, fadiga e cefaleia. Mas, diante de sinais mais graves como desconforto respiratório ou pressão persistente no tórax (mesmo que sem febre), procurar um hospital indicado para o tratamento do coronavírus torna-se vital.5_12

 

Nota Importante: O conteúdo deste site não substitui a necessidade de acompanhamento médico para fins de diagnósticos e de aconselhamentos. Não desconsidere ou altere tratamentos orientados por profissionais da saúde e busque por atendimento clínico sempre que necessário.

 

 
  1. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, 11ª edição. Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/publicacoes-tecnicas/guias-e-planos/plano-nacional-de-vacinacao-covid-19 - Visualizado em 17/01/2022.
  2. Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Enfermeira Mônica Calazans é a 1ª vacinada contra Covid-19 no Brasil. Disponível em http://www.cofen.gov.br/enfermeira-monica-calazans-e-a-1a-vacinada-contra-covid-19-no-brasil_84504.html - Visualizado em 18/01/2022.
  3. Ministério da Saúde. NOTA TÉCNICA Nº 467/2021-CGPNI/DEIDT/SVS/MS. Disponível em https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202104/27181903-nota-tecnica-467-2021-cgpni-deidt-svs-ms.pdf - Visualizado em 18/01/2022.
  4. Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde (CONASEMS). Informe Técnico Campanha Nacional de Vacinação contra a Covid-19. Disponível em https://www.conasems.org.br/wp-content/uploads/2021/01/Informe_Tecnico_Vacina_COVID-19.pdf - Visualizado em 19/01/2022.
  5. Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Notas de esclarecimentos da Sociedade Brasileira de Diabetes sobre o coronavírus (COVID-19). Disponível em https://diabetes.org.br/covid-19/notas-de-esclarecimentos-da-sociedade-brasileira-de-diabetes-sobre-o-coronavirus-covid-19/ - Visualizado em 18/01/2022.
  6. Organização Mundial da Saúde (OMS). Recebendo a vacina COVID-19. Disponível em https://www.who.int/pt/news-room/feature-stories/detail/getting-the-covid-19-vaccine - Visualizado em 19/01/2022.
  7. Conselho Nacional de Secretários da Saúde (CONASS). Disponível em https://www.conass.org.br/profissionais-explicam-a-importancia-de-receber-a-dose-de-reforco-contra-a-covid-19/ - Visualizado em 20/01/2022.
  8. Governo de Sâo Paulo. Disponível em https://www.saopaulo.sp.leg.br/blog/covid-19-quando-e-qual-vacina-devo-tomar-na-dose-de-reforco/ - Visualizado em 20/01/2022.
  9. Casa Civil/Governo Federal. Terceira dose da vacina Covid-19, para reforço da imunização, começa em setembro. Disponível em https://www.gov.br/casacivil/pt-br/assuntos/noticias/2021/agosto/ministerio-da-saude-anuncia-dose-de-reforco-para-vacinacao-contra-a-covid-19 - Visualizado em 20/01/2022.
  10. Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM). Covid-19: por que tomar a terceira dose da vacina? Disponível em https://www.spdm.org.br/imprensa/noticias/item/3678-covid-19-por-que-tomar-a-terceira-dose-da-vacina - Visualizado em 20/01/2022.
  11. Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Perguntas frequentes: vacinas contra a COVID-19. Disponível em https://www.paho.org/pt/vacinas-contra-covid-19/perguntas-frequentes-vacinas-contra-covid-19 - Visualizado em 20/01/2022.
  12. Governo do Estado do Mato Grosso do Sul. Acha que está com sintomas da covid-19? Disponível em https://www.coronavirus.ms.gov.br/?page_id=29 - Visualizado em 20/01/2022.

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